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Bagacêra's

sábado, 16 de julho de 2016

CASO MOSBY CAPÍTULO 4



CAPÍTULO 4

AMÉLIA

A sala parecia estar fria por dentro, a mesa metálica e a iluminação cegante davam essa impressão. Eu olhava a inquietação de Shirley através do espelho falso, enquanto esperava meu colega. Já fazia quase meia hora que havíamos deixado ela sentada naquela cadeira dura.
- Então – Tyler pareceu ter brotado do meu lado com uma pasta amarela, não muito cheia – Rafael Costa de Lima, brasileiro, chegou aqui em 2012. Imigrante legal. Sem antecedentes. Só uma multa de trânsito em maio de 2014. – Ele fechou a pasta e a segurou debaixo no braço – Eu não acho que ele tem alguma coisa a ver com o homicídio.
- Nem eu. Mas temos que interroga-lo. Eu estou mais preocupada com o tal de Newton. – desviei a atenção para a sala novamente – Conseguiu alguma coisa sobre ele?
- Não muito. Ele é daqui mesmo. Fariq Abdul Bassam, 33 anos.
- Hã.
- Vamos?
  Entramos na sala. Gelada como eu imaginava. Tyler jogou a pasta brutamente na mesa fazendo Shirley pular alguns centímetros sobre a cadeira. Sentamos em silêncio e a encaramos.
- Shirley – comecei – pode começar explicando porque diabos tem um esconderijo secreto por trás daquele quadro esquisito no seu cabaré.
- O que? Um esconderijo? Eu juro que não fazia ideia. O que tinha lá? Como eu já disse não costumo entrar naquela sala.
- Por que eu não acredito nisso? – Tyler murmurou, porém alto o suficiente para Shirley ouvir e surtar.
- É sério, eu juro. Já foi sorte o suficiente a sala estar aberta. Somente Newton entra lá, e ele não gosta que ninguém mais entre, então normalmente ele leva a chave com ele. Mas ele não está aqui na cidade, ele está viajando. Ah meu Deus, por favor, eu não fiz nada. Eu mal falava com Mosby. Não tenho motivos para matar nem ele nem ninguém.
- Viajando?
- É, eu não sei para onde. Não faço a menor ideia. Mas sei que ele não está na cidade.
- E a família dele?
- Bom, até onde eu sei, ele só tem uma tia, que mora em Abu Dhabi.
- Hum.
- Ok. Já temos o suficiente. – me levantei e Tyler me seguiu.
- Mas, espera, e eu? – Shirley se desesperou.
- Está liberada, Senhora Shirley. – falei.
- Diga para manterem o olho nela – Tyler sussurrou e saiu.
   

- Tem certeza sobre isso? – Tyler choramingou – E se descobrirem? Você sabe que nós seriamos demitidos na hora, né? O chefe já não gosta de mim, ele está doido para me mandar para o olho da rua, ah sim, eu aposto.
  Subíamos as escadas do luxuoso prédio em que o tal de Newton morava, seu apartamento ficava no décimo oitavo andar. Nós ainda estávamos no quinto e eu já estava morrendo.
- Relaxa – falei arfando – Como é que você consegue?... não tá... nem... suando.
- Eu não sou um sedentário como você. Já ouviu falar em um lugar chamado academia? – ele me olhou como se eu fosse uma criatura grotesca, e o pior que eu não podia culpa-lo, eu estava arfando demais, parecia uma cachoeira de suor e minha voz estava falha, comecei a me lembrar das aulas de educação física da época de escola, e como eu as odiava.
- HA HA – OK, eu parecia uma louca – Acho que me arrependi de não ter ido pelo elevador.
- Mas você disse “é melhor irmos pelas escadas, pode haver uma câmera no elevador”. – disse num tom de voz extremamente agudo.
- Eu sei o que disse – o interrompi – Mas agora isso não parece ter importância.
- Nãaaaooooo, imagina... Só os nossos empregos estão em jogo. Enfim, aguenta firme, só faltam quatro andares.
  Finalmente chegamos ao maldito andar e eu não conseguia mais sentir minhas próprias pernas. Entrei no corredor silenciosamente, havia duas portas, uma em cada extremidade.
- Apartamento 1801 – sussurrou Tyler.
- Será que tem alguém dentro do outro apartamento? – me perguntei. Tyler rapidamente cruzou o corredor e encostou o rosto delicadamente na porta. Seu rosto transpareceu o nervosismo e sua cabeça sinalizou positivamente.
  Peguei o kit de abrir fechaduras e comecei a tentar abrir aquela porta. As vozes do outro lado da porta vizinha começaram a se intensificar, serio que aquele povo havia decidido sair agora? Tyler respirava pesadamente por cima do meu ombro. Conseguíamos ouvir o barulho de chaves tintilando. Ouvi o estalo a tranca desbloqueando e girei a maçaneta desesperada. Estávamos dentro. 
  - Apartamento chique para um dono de um estabelecimento acabado feito aquele, não acha?
- Sim – de fato apartamento era muito extravagante, cheio de objetos decorativos grandiosos como uma mini cachoeira em um dos cantos da enorme sala e uma estátua de um cachorro branco gigante como o do Joey em Friends, tinha também uma televisão quase do tamanho a parede e quadros coloridos da Marilyn Monroe e do David Bowie por toda sala de jantar. – Algo não se encaixa.
- Esse local é enorme. Melhor começarmos a procurar.
  Vasculhamos o apartamento inteiro de ponta a ponta e não encontramos nada suspeito, e acredite havia umas coisas bem estranhas naquele lugar.
- Olha o que eu achei – Tyler saiu gargalhando com uma máscara preta de látex na cara, ela tinha spikes dourados espalhados.
- IIIUUU – encostei em uma parte suja e rapidamente limpei na manga do meu parceiro - ela é grudenta. Cara, guarda isso. Esse Newton tem cara de ter uns fetiches bem... peculiares – lembrei de uma sessão um tanto incomum em seu closet que eu desejava não ter visto.
  De repente ouvimos uma voz alta vindo do corredor.
- Como assim já é a terceira vez eu ela falta? Ela tem que fazer o checkup todo mês.
  Olhamos espantados um para o outro e começamos a correr a procura de um canto para nos escondermos.
  - Amélia – Tyler sussurrou sinalizando para que eu entrasse por uma porta no corredor, ela parecia estar escondida no painel que revestia as paredes dos corredores.
  A pessoa começou a abrir tentar abrir a porta, corri para dentro do que parecia ser um closet.
- Ela está sob supervisão, não é? Quem? Saraiva? E onde essa criatura está? Olha amanhã a gente resolve isso melhor, certo? Não me incomode mais por hoje. – Newton suspirou alto e pulou no sofá. A televisão foi ligada e passava o que parecia ser um jogo de basquete.
- Será que é o Newton? Check up? Do quê ele está falando? E quem é esse Saraiva? – sussurrei para Tyler que tirou seu precioso bloquinho e começou a fazer anotações. Ele ainda vestia aquela máscara esquisita, o que me causou arrepios, eu estava presa com ele em um local pequeno e escuro, somente iluminado pela luz fraca da tela do meu celular que estava bem próximo de descarregar. Era assustador.
- Você procurou por esse lugar? – perguntei.
- Não, nem havia notado essa porta, ela está muito camuflada.
- Hum, talvez nosso cara esteja escondendo algo aqui – “Finalmente”, pensei. Comecei a tatear pelas paredes de madeira e Tyler estava revistando uns casacos pesados que Newton mantinha lá.  
- Psiu – passei mão novamente por aquele local. Sim, era um pouco mais elevado, rapidamente encontrei uma irregularidade na superfície e sacrifiquei minhas unhas na tarefa de abrir aquilo. O pedaço de madeira caiu em minhas mãos revelando o fundo falso. Enfiei minha mão lá dentro com medo do que pudesse encontrar, e tremi quando senti algo gelado e sólido. Puxei o que parecia ser um medalhão. Ele era em formato de olho e possuía um rubi em seu centro, atrás tinha uns números gravados.
- 07425607.
- O que isso significa?


  Já fazia horas que estávamos ali sentados naquele chão frio, meu celular havia finalmente descarregado e nós não sabíamos que horas eram, a última vez que olhei tinha dado 21:30. Newton havia passado para o seu quarto fazia apenas vinte minutos.
  Eu não conseguia parar de olhar apara aquele olho e os números, o que seriam? Tyler já havia feito uma lista de todas as coisas possíveis. Embora nós nem tivéssemos certeza de que aquilo tinha alguma importância ou não. Poderia não significar nada. Poderia simplesmente ser só um colar qualquer. No entanto as circunstâncias diziam o contrário.
  Ouvimos roncos alto vindos do fundo do apartamento.
  - Vamos – me levantei. Balancei o ombro do Tyler quando percebi que ele havia cochilado – Ei, Brandon, acorda.
  Saímos cuidadosamente do closet e em seguida do apartamento. Descemos as escadas em silêncio.           


   Apesar do barulho intenso no andar de cima, a única coisa que se podia ouvir naquela sala fria e escura era a sua respiração pesada. Todas as oito telas na parede a sua frente mostravam as mesmas duas pessoas em diferentes ângulos. O som dos passos se aproximando não lhe tirara o foco nem por um segundo, a sede de vingança tinha lhe despertado um lado que nunca imaginara ter, era como estivesse se apaixonando. Se apaixonando pela sensação de poder.
  - Eles caíram, Mestre? – a voz rouca de Morgan preencheu o silêncio que pairava naquela sala por horas.
  - Ah, sim. Tudo como planejado. – sorriu.
         


Postado por Unknown às 08:57
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Marcadores: Histórias

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