CAPÍTULO 5
AMÉLIA
- Hm. Tá horrível! – torci a cara ao tomar meu
primeiro e último gole daquele cappuccino terrível que Tyler havia preparado
para mim.
-
Você é sempre assim tão rabugenta de manhã cedo? – ele pareceu ofendido.
-
A culpa não é minha se você me fez essa porcaria aí, e eu ingenuamente tomei.
Não confiar em Tyler com bebidas e comidas. Anotado. – me levantei para jogar
aquilo fora e preparar outro.
Quando voltei, meu parceiro estava debruçado
na minha mesa com os olhos vidrados em meu computador.
-
Você tava fuçando nos subsolos do facebook? – ele me encarou por um instante e
depois voltou a se concentrar na tela em sua frente – Quem é Denis? E porque
você está stalkeando ele? É por isso que você tá um porre hoje?
Eu senti que aquelas perguntas deveriam ter
me irritado, mas só me fizeram perceber que eu realmente estava um saco, e me
irritando até com o vento.
-
Desculpe, de fato eu estou sendo meio chatinha hoje, hehe. Hoje não é um dos
melhores dias e sinto que estou descontando em você. Um pouquinho. – não
consegui olhar Tyler nos olhos, então me concentrei em encarar o seu denso
cabelo negro.
-
Você não respondeu nenhuma das perguntas.
-
Já disse que seu cabelo é muito preto? – falei pegando em uma das suas mechas e
ele rapidamente ficou desconfortável, e saiu da minha cadeira.
-
Aparentemente, você é ótima em mudar de assunto – ele murmurou e saiu.
TYLER
Amélia estacionou o carro em frente a um
luxuoso prédio de cindo andares, que parecia ser todo de vidro, as janelas
mostravam o contidiano dos trabalhadores e toda aquela correria ambiciosa. Duas
viaturas policias já estavam estacionadas lá na frente.
-
Será que vamos encontrar algo de interessante? – perguntei tirando o meu cinto –
E sobre aquele Newton?
-
Mandei os policiais Roberto e Júnior em seu apartamento, ele estará sendo
mantido lá na delegacia até interrogarmos ele. Depois decidimos o que faremos.
Mas de uma coisa eu sei, aquele tal de Newton é um forte suspeito.
Subimos ao quinto andar onde estava
localizadao o escritório de “Edgar A. Mosby, advogado criminalista”. Na porta branca e moderna estava um aviso
policial, entramos e os policias já estava fazendo o seu trabalho. Coloquei as luvas e fui procurar em uma sala
cheia de livros grandes e velhos, cheios de mofo. Meu nariz começou a coçar.
- AAAATCHINNN – pulei com o espirro, assustando um dos
oficiais que passava pela porta – desculpa – falei sem graça.
AMÉLIA
O escritório sem dúvidas possuía um ar de
modernidade, móveis brancos com detalhes prateados, plantas artificiais,
quadros abstratos e computadores ponta
de linha tanto na recepção, como na sala privada do Mosby.
Não havia nada que nos chamasse muita
atenção. Foi fácil encontrar a ficha contendo as informações da recepcionista
que trabalhava para para vítima, uma mulher chamada Biancão Neves, que morava
quase fora da cidade.
- AMÉLIA! – Tyler gritou da outra sala – vem cá,
rápido!
Corri para a
sala que servia como um depósito e lá estava Tyler, em um dos cantos da sala
virado de costas.
- O que foi?
- Olhe isso – em seguida, ele ergueu um pendrive preto
pequeno. Nele havia um pequeno desenho de um olho.
- É o mesmo desenho daquele colar que achamos no
apartamento do Newton.
- Sim – Tyler parecia empolgado – E o que quer que
esteja aqui ele queria esconder muito bem. Estava dentro de um dos livros de
advocacia, muito escondido, quase passou despercebido por mim.
- Hmm – olhei o objeto com calma, esse caso estava
ficando cada vez mais complexo – vamos dar uma olhada.
Fomos até a
próxima sala. Era o escritório do Mosby, onde quase todos os móveis eram pretos
e feios, mas provavelmente valiam uma fortuna. Colocamos o pendrive no
computador e logo ouvimos o bip que
significava que havia conectado. De repente a tela ficou toda preta e vários números
e letras passavam rapidamente, como códigos de computador. Por um segundo eu
pensei que havia dado erro ou algo assim, mas logo em seguida uma música
clássica bizarra começou a tocar, me deixando arrepiada. Era um disfarce.
- Mas o que porra é essa? – Tyler murmurou.
- Parece que temos uma informação interessante aqui –
tirei o pendrive e coloquei em uma sacolinha – Acho que vamos ter que mostrar
isso aqui ao Hank.
- Ah cara... Eu odeio o Hank.
Paramos em
frente a imensa porta de vidros com maçanetas de ouro.
- O senhor e a senhora vão entrar? – um jovem esguio com
cara de bebê perguntou educadamente. Ele vestia um uniforme vermelho que o
fazia parecer um soldadinho. Balancei a cabeça positivamente e ele abriu a
porta.
Assim que entramos
por aquela porta senti o nome DUBAI brilhar na minha mente. Aquele lugar era
tão... Dubai. Pessoas iam e voltavam, conversas frenéticas
em todos os lugares, pessoas ricas tomando café com pó de ouro acompanhado de bolinhos
que custavam nada mais que o olho da cara.
- Então aqui é o Alca Plaza – Tyler olhava com
admiração ao grande lustre no teto da recepção. – O que vamos falar na
recepção?
- Olha não to afim de fazer tumulto – sorri – E
acabamos de achar a oportunidade perfeita – o recepcionista havia acabado de
mudar, de uma senhora com aparecia de rabugenta
para um homem atrapalhado e desorientado – Mantenha a pose – pisquei.
Empurrei meu
parceiro para a bancada da recepção.
- Olá, boa tarde – sorri , bem slutty – Eu não quero de incomodar, então vou ser bem breve. Eu
perdi o cartão de acesso do meu quarto, 3208. Você pode me dar outro?
- Ah claro, só um instantinho – ele sorriu.
- Pateta – murmurou Tyler e eu dei uma cotovelada nele
no mesmo segundo.
- Aqui está, Senhora Mosby. De acordo com o computador
a última vez que a senhora veio foi no ano passado, talvez não tenham preparado
o quarto ainda. A senhora gostaria de aguardar?
- Ah não, não. Não é necessário. Eu ligo depois.
- Ok.
Andamos
rapidamente até o elevador onde um senhor idoso sentava num banquinho dourado.
- Qual quarto?
- 3208 – disse, de repente o senhor pareceu estar
extremamente incomodado com a nossa presença. Ele pegou uma chave do bolso e
abriu uma portinhola no painel, lá havia somente um botão verde, o qual ele
apertou.
O elevador
começou a subir e foi até o 31° andar e parou, a porta se abriu.
- Não é aqui –
disse o senhor . A porta se fechou novamente e subimos mais um andar.
- Aqui estamos.
Saímos do
elevador e entramos no corredor escuro. As luzes se acenderam uma a uma como em
um filme de terror. Havia um longo corredor e uma porta dourada no final.
- Que estranho – comentei.
- Pense. – Tyler respirou fundo – Então, Senhora Mosby?
De quem será que ele estava falando? Mosby tinha uma esposa? Até onde eu sei
ele é solteiro, nem um registro de casamento nem nada. E o que foi aquilo no
elevador? Também percebeu?
- Aparentemente estamos em um andar secreto, indo para
um quarto secreto. Acho melhor termos cuidado – puxei minha arminha de
estimação do blazer.
Passei o cartão
na fechadura eletrônica que desbloqueou a porta no mesmo momento. A luz do sol que iluminava o quarto pelas cortinas
rasgadas me cegou por um instante.
- Amélia – Tyler estava no meio do quarto.
Não havia
móveis, não havia nada. Mas haviam fotos da vítima em seus últimos momentos de
vida espalhadas pelas quatro paredes. Centenas delas. Imagens de Edgar Amadeus
Mosby andando na rua escura, de seu olhar temeroso, escondido por entre as
sombras, andando rápido, parado, correndo, caindo, morto. Um calafrio percorreu
todo o meu corpo.
– O que está
acontecendo?
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