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Bagacêra's

segunda-feira, 27 de junho de 2016

CASO MOSBY CAPÍTULO 3




CAPÍTULO 3


Parker e Brandon entraram no estabelecimento ao lado. O local era escuro, repleto de luzes néon e tinha uma larga passarela cruzando o espaço central, que possuía três postes de pole dance. Para a surpresa de Amélia, o cabaré era bem limpo e organizado.
   Um choramingo chamou a atenção dos dois. Um travesti grande e gordo sentava em uma mesa dos cantos, rodeada por dois policiais que tentavam a acalmar. 
   - Senhora Shirley? - Tyler se aproximou. - Eu sou o Detetive Brandon e essa é a Detetive Parker, e nos gostaríamos de lhe fazer algumas perguntas sobre o ocorrido.
- Sim, sim, claro - ela limpou os olhos com um lencinho vermelho.
- Oficial Jackson, Oficial Toni, se importam de nos dá uma licencinha?   
- Você poderia nos contar como encontrou o senhor Mosby? 
- Sim - ela afastou os longos cachos loiros de sua peruca que lembrava a Amélia uma daquelas perucas brancas que juízes usavam. - Eu estava trabalhando, supervisionando o movimento de hoje de manhã, e fui fazer uma pausa de cinco minutos, fumar um cigarro, como eu sempre faço. Porém, quando eu cheguei naquele beco, ele estava lá… - ela tinha um olhar distante em seu rosto exageradamente maquiado.  – Seus olhos estavam abertos e esbugalhados, e seu corpo imóvel. Eu nunca estive tão perto de um cadáver na minha vida, então foi bem chocante para mim, ainda mais por se tratar de um conhecido.
- Um conhecido? – Tyler quase pulou da cadeira. Amélia já havia notado que o seu mais novo colega de trabalho tendia a ficar um pouco animado demais em relação a absolutamente tudo.
- Sim, ele vem… Quer dizer, vinha, todas as quintas a noite, até achei estranho ele aparecer por essa região da segunda para a terça. Mas como eu disse, eu estou supervisionando o turno da manhã, eu e minha sócia, Newton, alternamos turnos, quem estava aqui ontem a noite era ela.  
 - Newton… - Amélia decorou o nome, enquanto Tyler como sempre escrevia em seu bloquinho.
- Ele era cliente de Newton, os dois sempre conversavam quando ele chegava, e iam para uma das salinhas particulares. 
- Cliente? Como assim? Eu pensei que aqui fosse só uma casa de show.
- Ah, sim, e é, eu quero dizer, aqui também fazemos shows privados. Embora Newton não se apresente mais já faz anos, ele abria uma exceção para o advogado maravilha. 
- Nos conte um pouco mais sobre o seu sócio, Newton – Tyler mantinha seus grandes olhos azuis bem abertos encarando Shirley Bitencú como se pudesse ver dentro da sua alma, ou pelo menos ele queria que ela pensasse isso. Já Amélia suspeitava que ele tivesse ingerido muito açúcar. 
- Ah não, Newton não o matou, não pensem assim!
 - Nós não falamos que ele o matou - disse Amélia calma - Só precisamos de informações e claro, falar com ele.
- Minha parceira pode ser uma víbora de vez enquanto, mas ela nunca mataria alguém! Eu a conheço desde que sai do armário, logo depois do escândalo que como professor de matemática, que eu causei em uma escola particular lá na América do Sul. Há muito tempo atrás, mas não vamos entrar nesse assunto. Como eu estava desempregada me deixei experimentar novos ramos, foi por aí que conheci Newton, nos tornamos amigas e um dia a bicha apareceu com uma ideia de vir para cá e abrir nosso próprio cabaré. Dizia que ia ser um sucesso – Shirley olhou com desgosto a sua volta - e que os Xeiques daqui gostavam muito dessas coisas de shows, sabe. Ele cuida da parte financeira desde sempre. Disse que temos um financiador, mas faz três anos que montamos essa bagaça e nunca conheci o bofe.
  - Hmm, um financiador secreto… - Tyler pensou alto - Você acha que poderia ser o Mosby?
- Acho difícil, o nosso financiador nunca teve nenhum lucro, nós quase nunca temos lucro, ele era só alguém que pagava e não recebia nada. E pelo o que escutei por aí, Mosby nunca fazia nada que não envolvesse dinheiro sendo depositado em sua conta. Sinceramente, acho que era o próprio Newton, talvez um dinheiro que ele tem guardado. Ela sempre foi uma rainha do drama, sabe? Acho que inventou um tal financiador secreto para soar legal. Até porque, quem é o otário que continuaria financiando um negócio sem ao menos lucrar?
  - Hum - Amélia formava uma teoria em sua mente - Você disse que ele sempre vinha nas quintas. E por quê? Algum motivo especial?
  - Ah, sim. Nas quintas geralmente temos uma apresentação especial. - a travesti com axilas cabeludas pegou um panfleto todo amassado no bolso de trás de sua minissaia jeans super justa.
  Ela jogou para Amélia que desamassou o papel e começou a analisá-lo. O panfleto trazia a frase "Suko dos Pole Dance, vai fazer você querer ser o poste", locais onde ele se apresentava todos os dias da semana e os horários, também o seu número de contato e e-mail, suquinhodemorango@gmail.com, e no final a frase "A sensualidade está nos gestos". 
  Shirley Bitencú nos passou o endereço de Newton e seu contato logo sem seguida.
- Essa sala privada que eles costumavam conversar? Era uma sala fixa? A gente pode ir dar uma olhada?
- Ah sim, eu acho. Somente Newton usa aquela sala, mas acho que ele não vá se importar.
  Amélia e Tyler seguiram Shirley até um corredor escuro e úmido, com pedaços de espelhos quebrados decorando as paredes, formando uma imagem distorcida daqueles que por lá passavam. Era um ambiente um tanto perturbador.  Ao chegarem no final do corredor Shirley os guiou a direita onda havia uma escadaria estreita. Os dois se entreolharam e subiram as escadas que levava até uma porta branca.
- Então, é aqui – disse a senhora Bitencú, que abriu a porta para que os dois detetives entrassem – Ninguém vem muito aqui. É meio assustador né? – Tyler podia concordar plenamente a travesti de dois metros de altura à sua frente, a sala parecia ter saído de um filme dos anos 40. Nela havia um divã vermelho sangue, uma escrivaninha de uma madeira bem escura e uma pintura a óleo de uma mulher bem elegante que parecia encarar cada passo que você desse.
- É bem... vintage – comentou Amélia.
- Okay. Eu estarei lá embaixo caso precisem de alguma coisa.
  Tyler Brandon começou a vasculhar a sala cuidadosamente, enquanto Amélia encarava a mulher da pintura de volta.
- Que pintura estranha, não é? – sentiu um rápido calafrio atravessar seu corpo quando se aproximou do quadro. A detetive colocou a mão sobre a tela para sentir sua textura – MAS QUE PORR...?!
- O QUE FOI, LOUCA? – Detetive Tyler saltou com o susto.
  A tela do quadro havia cedido e revelado o buraco que escondia. Amélia enfiou a mão no breu do buraco da parede, e voltou com um pequeno pedaço de papel amassado entre seus dedos.
“ALCA PLAZA HOTEL, 3208”.  






Postado por Unknown às 18:10
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Marcadores: Histórias

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